Tempos de mudança

Estamos passando por uma fase de transformações na educação, especialmente nos sistemas de avaliação dos alunos ao final do ensino médio – que acabam sendo o principal indicador de qualidade do processo ensino-aprendizagem como um todo.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mudou tanto sua base conceitual (a matriz de referências) quanto sua forma (número de questões, de dias, etc.). Uma importante mudança foi a volta dos “conteúdos mínimos” (chamados “objetos de conhecimento”), o que revela uma tendência a se exigir mais conhecimento prévio dos alunos nas questões da prova – que até 2008 não era uma prioridade.
A Fuvest, por sua vez, mudou mais a forma do que o conteúdo. Agora a segunda fase terá todas as matérias, indicando que a Universidade de São Paulo quer alunos mais generalistas e menos especialistas.

As duas mudanças apontam no sentido da valorização do conhecimento escolar, construído nas aulas, nas discussões, nas leituras diversificadas, nos projetos multidisciplinares. O novo Enem nos diz “precisamos ler mais”, enquanto a nova Fuvest aponta “precisamos ler um pouco de tudo”.

Pra que ler?

Num mundo tão audiovisual, por que perder tempo com longos livros e estudos cansativos se tudo que precisamos saber pode estar à nossa disposição num documentário de duas horas, cheio de músicas e imagens bonitas? Quem costuma ler, quem gosta de ler, nem se preocupa com esse tipo de pergunta. A resposta é óbvia. É como a diferença entre imagem e imaginação. A imagem é aquilo que nos dão pronto, claro e evidente, com cores que todos chamam pelos mesmos nomes. Os filmes nos dão imagens fascinantes. Os livros não têm nada disso. Não se valem de nenhum apelo sensorial, salvo no caso das ilustrações. De resto, são apenas um amontoado de pretos no branco, de riscos esquisitos que precisamos, duramente, aprender a falar e depois entender. Mas afinal, para que tudo isso?

Bem, não é à toa que o divisor de água entre a pré-história e a história é considerado justamente o nascimento da escrita (e, portanto, da leitura). A leitura exercita o pensamento, permite a ele caminhar de formas novas e variadas, a percorrer com mais firmeza o mesmo caminho. Quando lemos um livro podemos interagir com os pensamentos do autor mais profundamente do que se estivéssemos conversando com ele.

O que ler?

Em geral, quem não gosta de ler é porque lê o que não gosta. Faz sentido, chega a ser irritantemente óbvio. Na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2009, alguns professores perguntaram a Ruth Rocha, conhecida autora de livros infantojuvenis, qual o segredo para fazer os jovens lerem, e ela respondeu que quem não gosta de ler é porque deve estar lendo a coisa errada. Quando criança, a autora adorava ler gibis. Depois foi mudando, amadurecendo, e junto com ela os livros também foram ficando maiores, mais densos, complexos, ricos...

Não é preciso debruçar-se sobre Nietzsche, por exemplo, para tornar-se um bom leitor. Cada um lê o que lhe enriquece. O importante é sempre experimentar novas leituras. E novos tipos de leitura.

Fazendo escolhas pedagógicas com consistência

Enquanto os livros didáticos organizam o conhecimento de acordo com uma progressão de conteúdos definida, as leituras complementares oferecem ao professor a possibilidade de trabalhar de acordo com sua realidade e com as necessidades de sua comunidade, ampliando e enriquecendo os textos didáticos e, assim, mostrando ao aluno que as coisas podem ser mais complexas, mais vivas e instigantes.

Nesse sentido, a coleção Polêmica pode ser um valioso instrumento para o professor que está disposto a fazer escolhas pedagógicas e colocá-las em prática. Enfatizar mais um tema, problematizar melhor uma questão que os alunos banalizam, introduzir novos conteúdos... Tudo isso requer coragem, trabalho e talento do professor. E requer também, além do apoio da escola, um material de referência, textos (e imagens) que ajudem os alunos a compreender a nova temática, e também ajudem o professor a reconstruir seu curso. Esta não é uma tarefa fácil e nunca estará completamente concluída. Principalmente quando se vive em tempos de mudança.

Por meio de ensaios escritos por especialistas e educadores brasileiros, os livros da coleção Polêmica procuram levar aos jovens estudantes melhor compreensão do mundo e uma participação mais efetiva da realidade.

De forma objetiva e simples, esses livros ampliam o horizonte de conhecimento dos alunos, mostrando que a matéria dada em sala de aula é dinâmica e viva, e tratam de assuntos que dizem respeito, de alguma forma, à vida em sociedade e ao próprio exercício da cidadania.

Hoje, mais do que nunca, é preciso contextualizar as informações e os conceitos, por meio da reflexão e do debate das ideias, proporcionando o desenvolvimento de competências para a utilização do conhecimento no trabalho e na vida pessoal e social.
Esse guia tem como finalidade mostrar diversos tipos de escolhas pedagógicas, de aulas a projetos, que podem ser feitos a partir de cada um dos livros aqui relacionados. São apenas exemplos, ilustrações, possibilidades, inspirações para que você monte seu curso e faça suas escolhas, de acordo com sua realidade, seus talentos e sua consciência.

Aqui, você encontrará algumas sugestões de atividades a partir de grandes temas de trabalho que reúnem livros afins.

Nosso objetivo é que você tenha temas atuais e polêmicos que complementem os conteúdos dos livros didáticos da coleção Moderna Plus.